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Garoa Poética

  • Heloisa
  • 25 de abr. de 2017
  • 2 min de leitura

20 minutos para o fim da aula e todas nós já estamos pensando no sinal tocando. A garoa caiu o dia todo. Vamos para casa deixar o dia terminar do jeito que quiser. A rotina nos cansa. A matéria já se tornou repetitiva. Aquele lugar. Tudo que mais precisávamos, ou pelo menos eu, era por um segundo sequer, entrar em contato com a alma. Precisava lembrar como era bom se perder dentro de si, fazia um tempo que não conseguia fazer isso. Deixo de lado todos os míseros devaneios quando escuto o estridente som do sinal. Devagar, junto minhas coisas. Passo no armário, e então, vou.

Nas escadas para a portaria, a garoa já toma o céu. Deixa suas gotículas escorrem na superfície das pequenas folhas, dançam nos carros, me envolvem por completo. Pequenos círculos terminam seus caminhos em minhas botas. Se fosse indagada há alguns anos, certamente estaria triste pelo fato do sol não estar me aquecendo com todo seu calor, hoje sei que sou mais a garoa. Sou um completo caos. Talvez eu seja uma pequena poeira, talvez seja assim como aquelas gotículas. Elas caem, terminando seus caminhos em lugares totalmente inesperados. Assim como eu elas seguem, mas sabem que a qualquer momento uma brisa mais forte pode alterar totalmente seu destino, então, elas aceitam.

Ando perdida em mim, talvez um pouco cansada da rotina. E quando eu paro, sinto. Elas me tocam. Em contato com a minha pele, de leve, escorrem. Tiro a touca. E por completo, elas me tocam. E é aí que eu percebo, o quanto sou apaixonada pelo caos da minha vida. Sou um perfeito furacão. Ora aumento, ora diminuo. Mas sou apaixonada por mim. E então, deixo que elas me toquem. Deixo elas me transbordarem, deixo elas me transformarem, naquele final de tarde, em pura poesia

 
 
 

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